quinta-feira, 16 de maio de 2013

JÓ E SEUS AMIGOS---PARTE---08





E respondeu Eliú, filho de Baraqueel, o buzita, e disse: Eu sou de menos idade, e vós sois idosos; receei-me e temi de vos declarar a minha opinião. Dizia eu: Falem os dias, e a multidão dos anos ensine a sabedoria." (32:6-7). Esta é a ordem natural das coisas. Pressupomos que a sabedoria esteja na cabeça dos homens na mesma medida que os seus cabelos brancos; é, pois, razoável e conveniente que os jovens sejam prontos para ouvir e tardos para falar na presença dos seus maiores. Podemos assentar, como um princípio quase invariável, que um jovem impetuoso não é conduzido pelo Espírito de Deus; que jamais se tem medido na presença divina, e que nunca tem quebrantado o seu coração diante de Deus. Não tem dúvida de que como sucedeu com Jó e seus amigos— muitas vezes homens maiores proferem muitas palavras sem sentido. Os cabelos brancos e a sabedoria nem sempre caminham junto; e também é um fato não pouco freqüente que homens de idade, apoiando-se meramente no número dos seus anos, se atribuem um lugar para o qual não têm nenhum direito moral, intelectual nem espiritual. Tudo isto que dizemos é perfeitamente certo, e digno da consideração de aqueles que pudessem sentir-se identificados com estas coisas. Mas todas estas misérias não desmerecem no mínimo o delicado sentimento moral que pode ver-se nas primeiras palavras de Eliú: "Eu sou de menos idade, e vós sois idosos; receei-me e temi de vos declarar a minha opinião". Isto sempre estará bem. Sempre é bom e agradável que um jovem tema declarar a sua opinião. podemos ter certeza de que um homem que possui força moral interior jamais procurará levar vantagem com precipitação; senão, pelo contrario, quando se coloca na frente, está seguro de que vai ser ouvido com respeito e atenção. A modéstia em combinação com a força moral comunicam um irresistível atrativo ao caráter da pessoa; em tanto que os talentos mais esplêndidos perdem brilho a causa de uma personalidade confiada em si mesma. "Na verdade continua a falar Eliú, há um espírito no homem, e a inspiração do Todo-Poderoso os faz entendidos" (32:8). Aqui se introduz um elemento completamente diferente. Apenas o Espírito de Deus entra em cena, já não se trata de uma questão de juventude nem de velhice, pois Ele, para falar, pode se servir de um jovem ou de um homem maduro. "Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos" (Zacarias 4:6). Isto rege sempre. Foi verdadeiro para os patriarcas, verdadeiro para os profetas, verdadeiro para os apóstolos e é verdadeiro para nós e para todos. Não se trata aqui da força nem do poder humano, senão do Espírito eterno. Nisto estriba o segredo do calmo poder de Eliú. Ele estava cheio do Espírito; e então, esquecemos a sua juventude para prestar ouvidos às palavras de peso espiritual e de sabedoria celestial que brotam de seus lábios; e isso noz faz lembrar a Aquele que falava como quem tem autoridade, e não como os escribas. Existe uma notável diferença entre um homem que fala como os oráculos de Deus e outro que fala simplesmente de forma normal; entre um que fala desde o coração, com a santa unção do Espírito, e outro que fala desde o intelecto com a autoridade humana. Quem poderia estimar devidamente a diferença entre estas duas coisas? Ninguém, a exceção daqueles que possuem e exercitam a mente de Cristo. Mas voltemos às palavras de Eliú: "Os grandes não são os sábios, nem os velhos entendem o que é reto. Pelo que digo: Dai-me ouvidos, e também eu declararei a minha opinião. Eis que aguardei as vossas palavras, e dei ouvidos às vossas considerações, até que buscásseis razões. Atendendo, pois, para vós, eis que nenhum de vós há que possa convencer a Jó, nem que responda às suas razões" (32:9-12). Notemos particularmente isto: "nenhum de vós há que possa convencer a Jó". Isto claramente era suficiente. Jó, no final da discussão, estava tão longe de ter sido convencido quanto o estava no começo da mesma. E podemos dizer, em efeito, que cada novo argumento extraído do tesouro da experiência, da tradição e da legalidade não serviram mais que para provocar novas e mais profundas manifestações da natureza não julgada, não subjugada e não mortificada de Jó. Mas, quão instrutiva é a razão de tudo isto!: "Para que não digais: Achamos a sabedoria, Deus o derribou, e não homem algum" (32:13). Nenhuma carne se gloriará na presença de Deus. A carne pode vangloriar-se e orgulhar-se das suas empresas, enquanto Deus não é levado em consideração. Mas, leitor, ao introduzir a Deus, toda soberba e vangloria, toda ilusão vaidosa, toda jactância e arrogância se dissipam em um abrir e fechar de olhos. Lembremos isto. "A jactância é excluída" (rom 3:27). Sim, toda jactância, a de Jó e a dos seus amigos. Se Jó tivesse conseguido estabelecer suas pretensões, teria se vangloriado. Se, por outra parte, seus amigos tivessem conseguido lhe tapar a boca, eles que teriam se jactado. Porém não, "o vence Deus, não o homem". Assim foi, assim é e assim vai ser sempre. Deus sabe como humilhar um coração soberbo e avassalar uma vontade inflexível. De nada serve que um se enalteça a si mesmo, pois podemos tirar o cavalinho da chuva que quem quer que se enaltecer será, antes ou depois, humilhado. O governo moral de Deus tem determinado que todo o que se eleve e enaltece deve ser derrubado até o pó. Esta é uma verdade saudável para todos nós; mas especialmente para os jovens entusiastas e para os ambiciosos. A senda humilde, recatada e oculta é, inquestionavelmente, a melhor, a mais segura e ditosa. tomara que podamos segui-la sempre, até que alcancemos essa cena brilhante e abençoada, onde o orgulho e a ambição são coisas desconhecidas! As palavras de apertura de Eliú produziram um efeito surpreendente nos três amigos de Jó: "Estão pasmados, não respondem mais, faltam-lhes as palavras. Esperei, pois, mas não falam; porque já pararam, e não respondem mais. Também eu responderei pela minha parte; também eu declararei a minha opinião" (32:15-17). E seguidamente, para que ninguém supunha que ele estava falando as suas próprias palavras, agrega: "Porque estou cheio de palavras; o meu espírito me constrange" (32:18). Esta é a verdadeira fonte e poder de todo ministério em todas as épocas. Se não é a "inspiração" ou "o sopro do Onipotente", tudo é em vão. Reiteramos, esta é a verdadeira fonte do ministério em todos os tempos e em todos os lugares. E, ao dizer isto, não devemos esquecer que quando o nosso Senhor Jesus Cristo ascendeu ao céu e sentou à destra de Deus em virtude de uma redenção cumprida, teve lugar uma grande mudança. Em outras oportunidades, já nos referimos muitas vezes a esta gloriosa verdade, pelo que não abundaremos em detalhes a seu respeito. A mencionamos aqui meramente para que o leitor não ache que quando falamos da verdadeira fonte do ministério em todas as épocas, estamos esquecendo o que é característico e distintivo da igreja de Deus na presente dispensação, como conseqüência da morte e ressurreição de Cristo e da presença e morada do Espírito Santo tanto no crente individual como na igreja, que é o corpo de Cristo na terra. Nada mais longe dos nossos pensamentos! Graças a Deus temos um sentido demasiado profundo do valor, importância e alcance prático dessa grande e gloriosa verdade como para perdê-la de vista nem por um momento. De fato, é precisamente este profundo sentido junto com a lembrança dos incessantes esforços de Satanás por desconhecer a verdade da presença do Espírito Santo na igreja— o que nos conduz a escrever este parágrafo admonitório. Porém, o princípio de Eliú tem vigor em todos os tempos. Todo aquele que deva falar com força e eficácia, devera ser capaz de dizer, em alguma medida: "Porque estou cheio de palavras; o meu espírito me constrange. Eis que o meu ventre é como o mosto sem respiradouro, e virá a arrebentar, como odres novos. Falarei, e respirarei; abrirei os meus lábios, e responderei." (32:18-20). Assim será sempre, quanto menos em alguma medida, entre aqueles que queiram falar com verdadeira força e eficácia ao coração e à consciência dos seus semelhantes. Ao ler as ardentes palavras de Eliú nos vem forçosamente ao pensamento essa memorável passagem do capítulo 7 de João: "Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre" (7: 38). É verdade que Eliú não conhecia a gloriosa verdade declarada aqui pelo nosso Senhor, já que a mesma teve o seu cumprimento quinze séculos depois. Mas sim conhecia então o princípio; ele possuía o germe do que, séculos mais tarde, alcançaria uma plena florescência e maturidade. Sabia que para falar de uma maneira decidida, incisiva e enérgica, devia fazê-lo com o "sopro do Onipotente". Havia ouvido até o cansaço a homens que falaram um monte de coisas sem sentido; que disseram algumas besteiras extraídas de sua experiência e das paupérrimas adegas da tradição humana. Eliú tinha quase esgotado a sua paciência com tudo isto, e então se levanta com a energia do Espírito para dirigir-se aos seus ouvintes como um que era apto para falar como oráculo de Deus. Nisto estriba o grande segredo da força e do êxito ministerial. "Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus" (1 Pedro 4:11). Não se trata simplesmente —note-se com cuidado  de falar conforme às Escrituras: algo, com certeza, sumamente importante e essencial. Mas é mais do que isso. Um homem pode levantar-se e dirigir-se aos seus semelhantes durante uma hora, sem pronunciar, durante todo o seu discurso, uma sola palavra que seja contra as Escrituras; e, porém, todo esse tempo pode não ter sido oráculo de Deus; pode não ter sido o porta-voz de Deus nem o expositor presente em Seus pensamentos para as almas que o tenham escutado. Isto é especialmente solene, e demanda a séria consideração de parte de todos aqueles que são chamados a abrir os seus lábios em meio do povo de Deus. Uma coisa é expor certa quantidade de conceitos corretos e verdadeiros, e outra ser o veículo de comunicação vivente entre o mesmíssimo coração de Deus e as almas do Seu povo. Isto último —e somente isso— é o que constitui a essência do verdadeiro ministério. Um homem que fala como oráculo de Deus levará a consciência dos seus ouvintes à luz mesma da presença divina, a ponto tal que cada canto do coração ficará descoberto, e centro moral, tocado. Eis aqui o verdadeiro ministério. Quem não é assim carece de força, de valor e de proveito. Nada pode ser mais deplorável e humilhante que ter que ouvir a um homem que procura de forma evidente se valer dos seus próprios recursos miseráveis e escassos, ou que oferece ao público verdades por conduto alheio e por pensamentos emprestados de outros, como mercador de féria. Nada melhor para eles que se chamar a silêncio, tanto para os seus ouvintes quanto para si mesmos. Mas isto não é tudo. Freqüentemente podemos ouvir a um homem expondo ante seus semelhantes o que sua própria mente meditou em privado com muito interesse e proveito. Ele pode dizer verdades, e verdades importantes; mas não a verdade que necessitam as almas dos santos, a verdade para esse momento. No que respeita a seu tema, falou o tempo todo conforme as Escrituras, mas não falou como oráculo de Deus. Assim sendo, que todos nós aprendamos esta importante lição da atuação de Eliú; uma lição, sem dúvida, muito necessária. Alguns podem se sentir dispostos a dizer que se trata de uma lição muito dura e difícil. Mas não; se vivermos na presença do Senhor, no sentimento de que não somos nada e de que Ele basta para todo, aprenderemos a conhecer o precioso segredo de um ministério eficaz. Saberemos apoiar-nos sempre e somente em Deus, para sermos, no bom sentido, independentes dos homens; poderemos compreender o significado e a força das seguintes palavras de Eliú: "Oxalá eu não faça aceitação de pessoas, nem use de lisonjas com o homem! Porque não sei usar de lisonjas; em breve me levaria o meu Criador." (32:21-22). Ao estudar o ministério de Eliú, achamos nele dois grandes elementos: a graça e a verdade. Ambos eram essenciais para tratar com Jó; e, em conseqüência, os dois brilham com extraordinário poder. Eliú diz a Jó e aos seus três amigos muito claramente que não sabe falar lisonjas, que não sabe dar títulos lisonjeiros a um pobre mortal culpável, por muito que esse mortal fosse gratificado por eles. O homem deve ser levado ao conhecimento de si mesmo, a ver a sua verdadeira condição e a confessar o que realmente é. Isto era precisamente o que necessitava Jó. Ele não se conhecia a si mesmo, e os seus amigos não puderam conduzi-lo ali. Necessitava o julgamento de si mesmo, mas os seus amigos foram totalmente incapazes de provocá-lo. Eliú começa, pois, dizendo a Jó a verdade. Apresenta a Deus em seu verdadeiro caráter. Isto é precisamente o que não tinham feito os amigos. Sem dúvida, eles haviam aludido a Deus; porém, as suas alusões eram escuras, destorcidas e falsas. Isto o vemos com claridade ao ler estas palavras: "Sucedeu, pois, que, acabando o Senhor de dizer a Jó aquelas palavras, o Senhor disse a Elifaz, o temanita: A minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos, porque não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó. Tomai, pois, sete bezerros e sete carneiros, e ide ao meu servo Jó, e oferecei holocaustos por vós, e o meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que eu vos não trate conforme a vossa loucura; porque vós não falastes de mim o que era reto, como o meu servo Jó." (42:7-8). A sua falta tinha consistido em que eles não tinham apresentado a Deus ante a alma do seu amigo, impossibilitando assim que Jó se julgasse a si mesmo. Porém, Eliú não cometeu esse erro. Ele seguiu um critério totalmente diferente. Fez com que a luz da "verdade" atuasse sobre a consciência de Jó e, ao mesmo tempo, derramou o precioso balsamo da "graça" em seu coração, quando disse: "1 Assim, na verdade, ó Jó, ouve as minhas razões, e dá ouvidos a todas as minhas palavras. Eis que já abri a minha boca; já falou a minha língua debaixo do meu paladar. As minhas razões sairão da sinceridade do meu coração, e a pura ciência dos meus lábios. O Espírito de Deus me fez; e a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida. Se podes, responde-me, dispõe bem as tuas razões, e levanta-te. Eis que vim de Deus, como tu; do lodo, também, eu fui formado. Eis que não te perturbará o meu terror, nem será pesada sobre ti a minha mão" (33:1-7). Com estes acentos, o ministério da "graça" se revela de forma grata e poderosa ao coração de Jó. O ministério dos três amigos carecia por completo deste excelentíssimo ingrediente. Eles não se mostraram senão mas do que dispostos a "agravar sua mão" sobre o coitado do Jó. Eram juizes implacáveis, drásticos censores e intérpretes falsos. Podiam ver com maus olhos e com frieza as feridas sofridas pelo seu afligido amigo, e surpreender-se de como tinham chegado ali. Consideravam as ruínas de sua casa, e chegavam à dura conclusão de que não só eram conseqüência de sua ma conduta. Contemplavam a sua desvanecida fortuna e, com inexorável severidade, chegavam à conclusão de que a perda da fortuna foi devida as suas faltas. Não demonstraram ser juizes totalmente imparciais. Não compreenderam em absoluto os desígnios de Deus, nem perceberam toda a força moral destas importantes palavras: "O Senhor prova o justo" (Salmo 11:5). Em uma palavra, se extraviaram totalmente. Seu ponto de vista era falso e, conseqüentemente, todo o seu campo visual, defeituoso. Em seu ministério não havia nem "graça" nem "verdade" e, por conseguinte, não puderam redargüir a Jó. O condenaram isso sim, mas sem convencê-lo; quando o que deveriam ter feito era redargüi-lo a fim de que se condenasse a si mesmo. O proceder de Eliú apresenta aqui um vívido contraste com o deles. Ele anuncia a Jó a verdade; porém não "se agravou a mão" sobre ele. Eliú havia aprendido a conhecer o misterioso poder da "voz mansa e delicada" (1 Reis 19:12); conhecia a virtude da graça que subjuga a alma e derrete o coração. Jó tinha proferido um monte de falsas noções acerca de si mesmo, e essas noções tinham brotado de uma raiz à qual era preciso aplicar o afiado machado da "verdade". "Na verdade, tu falaste aos meus ouvidos; e eu ouvi a voz das tuas palavras; dizias: Limpo estou, sem transgressão; puro sou; e não tenho culpa" (33:8-9). Que palavras temerárias para um pobre mortal pecador! Com certeza, embora aquela "luz verdadeira" na qual andamos ainda não havia alumbrado a alma deste patriarca, bem podemos nos maravilhar de tal linguagem. Mas o que vem depois? Ainda quando Jó era, aos seus olhos, tão limpo, tão inocente e tão livre de maldade, diz de Deus: "Eis que ele acha contra mim ocasiões, e me considerou como seu inimigo. Põe no tronco os meus pés, e observa todas as minhas veredas." (33:10-11). Eis aqui uma palpável discrepância. Como podia um Ser santo, justo e reto considerar como Seu inimigo a um homem puro e inocente? O bem Jó se enganava a si mesmo o bem Deus era injusto. Porém Eliú, como ministro da verdade, não é lento para pronunciar seu juízo e noz dizer quem tem a razão: "Eis que nisto te respondo: Não foste justo; porque maior é Deus do que o homem" (33:12). Que verdade simples! A pesar disso, quão pouco compreendida! Se Deus é maior do que o homem, então, obviamente, Ele e não o homem— deve ser o Juiz que declara o que é justo. O coração incrédulo rejeita isso, e daí vem a constante tendência a julgar as obras, os caminhos e a Palavra de Deus; a julgar a Deus mesmo. O homem, em sua ímpia e infiel insensatez, toma entre mãos pronunciar seu juízo acerca do que é digno de Deus e do que não o é; ousa decidir o que Deus deve o não deve dizer e fazer. Dá mostras de total ignorância acerca de essa tão simples, evidente e necessária verdade, a saber, que "maior é Deus do que o homem". Agora bem, quando nosso coração se inclina ante o peso desta grande verdade moral, nos achamos então na atitude adequada para discernir o objeto dos desígnios de Deus a respeito de nós. Ele seguramente terá a primazia. "Por que razão contendes com ele? Porque ele não dá contas de nenhum dos seus feitos. Antes Deus fala uma e duas vezes; porém ninguém atenta para isso. Em sonho ou em visão de noite, quando cai sono profundo sobre os homens, e adormecem na cama, Então abre os ouvidos dos homens, e lhes sela a sua instrução. Para apartar o homem do seu desígnio, e esconder do homem a soberba; Para desviar a sua alma da cova, e a sua vida de passar pela espada." (33:13-18). O verdadeiro segredo de todos os falsos arrazoamentos de Jó estriba no fato de que ele não compreendeu o caráter de Deus nem o objeto de todos os Seus caminhos. Não viu que Deus o estava provando, que Ele estava trás as cenas e que se servia de diversos agentes para o cumprimento dos Seus propósitos sábios e cheios de graça. Ainda Satanás mesmo era um simples instrumento nas mãos de Deus; ele não podia sequer ultrapassar a grossura de um cabelo o limite divinamente prescrito. Mais ainda, uma vez que levou a cabo a tarefa que havia-lhe sido determinada, foi demitido, e não ouvimos falar mais dele no resto do livro. Deus desenvolvia os Seus desígnios com Jó. O provava para instruí-lo, para apartá-lo de suas idéias e para quebrantar o orgulho do seu coração. Se Jó tivesse discernido este importante ponto, teria evitado um mundo de altercados e de contendas. Em vez de irritar-se com os homens e as coisas com os indivíduos e com as influências—, se teria julgado a si mesmo e inclinado diante do Senhor com humildade e numa verdadeira contrição e quebrantamento de coração. Isto é de imensa importância para todos nós. Somos muito propensos a esquecer o proeminente fato de que "o Senhor prova o justo". "Do justo não tira os seus olhos" (36:7). Estamos continuamente em Suas mãos e sob o Seu olhar. Somos os objetos do Seu amor profundo, doce e invariável; mas também somos os objetos do Seu sábio governo moral. Seus desígnios para conosco são diversos. Algumas vezes são preventivos; outras, corretivos; mas sempre são instrutivos. As vezes teimamos em seguir os nossos próprios caminhos, o fim dos quais seria a nossa ruína moral. Então, Deus irrompe em nossa marcha e nos dissuade de nossas intenções. Destrói os nossos castelos de ilusões, dissipa os nossos sonhos dourados e frustra muitos planos queridos que apaixonam nosso coração, mas cuja realização teria significado a nossa ruína. "Eis que tudo isto é obra de Deus, duas e três vezes, para com o homem, Para desviar a sua alma da perdição, e o alumiar com a luz dos viventes." (33:29-30).

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