Escolhi um tópico
sobre o qual seria difícil dizer algo que já não tenha sido dito antes muitas
vezes. Mas, como o tema é da mais alta importância, é bom deter-nos nele com
freqüência, e ainda que só exponhamos velhas coisas e nada mais, talvez seja
sábio fazer-vos lembrar-se delas. Nosso tema é: O Espírito Santo No Ministério, ou a obra do Espírito Santo
concernente a nós como ministros do evangelho de Jesus Cristo. “CREIO NO
ESPIRITO SANTO”. Tendo pronunciado esta frase como conteúdo, espero que
possamos repeti-la também como um solilóquio devoto impulsionado por nossa
experiência pessoal aos nossos lábios. Para nós, a presença e a obra do
Espírito Santo constituem a base da nossa confiança quanto à sabedoria e ao
elemento de esperança da obra da nossa vida. Se não crêssemos no Espírito
Santo, teríamos renunciado ao nosso ministério muito antes, pois, “quem é
suficiente para estas coisas?” Nossa esperança de sucesso e nossa força para a
continuidade do serviço jazem em nossa crença em que o Espírito do Senhor
repousa sobre nós. Por ora dou por certo que todos nós estamos cônscios da
existência do Espírito Santo. Dissemos que cremos nEle. Na verdade avançamos
além da fé, nesta questão, e penetramos na região da consciência. Houve tempo
em que a maioria de nós cria na existência dos nossos amigos presentes, pois
tínhamos ouvido falar deles com os nossos ouvidos, mas agora nos vemos uns aos
outros, trocamos apertos de mão fraternais e experimentamos a influência do
companheirismo agradável, e portanto agora não é tanto que cremos, como
conhecemos. Igualmente experimentamos o Espírito de Deus operando em nossos
corações, temos conhecido e percebido o poder que Ele exerce sobre os espíritos
humanos, e O conhecemos por contato pessoal, freqüente e consciente. Pela
sensibilidade do nosso espírito tomamos consciência da presença do Espírito de
Deus, do mesmo modo como tomamos consciência da existência das almas dos nossos
semelhantes por sua ação sobre as nossas almas, assim como estamos certos da
existência da matéria pela sua ação sobre os nossos sentidos. Fomos elevados da
obscura esfera daquilo que é apenas mente e matéria às fulgurâncias celestiais
do mundo espiritual. Agora, como homens e mulheres espirituais, discernimos as
coisas espirituais, sentimos as forças superiores dos domínios do espírito, e sabemos
que há um Espírito Santo, pois O sentimos operar em nossos espíritos. Não fosse
assim, certamente não teríamos direito de estar no ministério da igreja de
Cristo. Deveríamos permanecer até como membros da igreja? Mas, irmãos, fomos
vivificados espiritualmente. Temos definida consciência de uma vida nova, com
tudo o que dela resulta; somos novas criaturas em Cristo Jesus e vivemos num
mundo novo. Fomos iluminados e capacitados a contemplar coisas que os olhos não
vêem. Fomos guiados para a verdade de tal natureza que a carne e o sangue
jamais poderiam ter revelado. Temos sido consolados pelo Espírito. Muitíssimas
vezes o santo Paráclito nos tem levantado dos abismos da tristeza às alturas da
alegria. Em certa medida, também fomos santificados por Ele; e estamos cônscios
de que a santificação vai sendo operada em nós por diferentes formas e meios.
Portanto, dadas estas experiências pessoais todas, sabemos que o Espírito Santo
existe, com a mesma certeza de que nós mesmos existimos. Sinto-me tentado a demorar-me
aqui, pois este ponto merece maior consideração. Os descrentes pedem fatos. A
velha doutrina comercial de Gradgrind entrou na religião, e o cético brada: “O
que quero são fatos!” Estes são os nossos fatos: não nos esqueçamos de usá-los.
Um cético me desafia com esta observação: "Não posso fixar minha fé num
livro ou numa história. Quero ver fatos reais." Minha resposta é: “Você
não os pode ver porque os seus olhos estão vendados. Mas os fatos estão aí, nem
mais nem menos. Aqueles dentre nós que têm olhos vêem coisas maravilhosas,
embora você não as veja”. Se ele ridiculariza a minha afirmação, não fico
espantado nem um pouco. Já o esperava. Ficaria espantado, e muito, se não o
fizesse. Mas exijo respeito por minha posição como testemunha de fatos, e dirijo
ao meu oponente a pergunta: "Que direito tem você de recusar a minha
prova? Se eu fosse cego, e você me dissesse que possui uma faculdade chamada
visão, eu seria irracional se o ofendesse chamando-lhe otimista convencido.
Tudo que você tem direito de dizer é que nada sabe sobre isto mas não está autorizado a chamar-nos de
mentirosos ou bobos. Você pode juntar-se aos ofensores do passado e declarar
que o homem espiritual é louco, mas isso não desfaz as afirmações deste."
Irmãos, para mim, os fatos produzidos pelo Espírito de Deus demonstram a
veracidade da religião cristã com a mesma clareza com que a destruição de Faraó
no Mar Vermelho, ou o maná caído no deserto, ou a água saltando da rocha
ferida, podiam provar a Israel a presença de Deus no meio das suas tribos.
Chegamos agora ao cerne do nosso assunto. Para nós, ministros, o Espírito Santo
é absolutamente essencial. Sem Ele o nosso ofício não passa de um nome. Não nos
arrogamos sacerdócio além e acima daquele que pertence a todos os filhos de Deus.
Mas somos sucessores daqueles que, nos velhos tempos, foram movidos por Deus a
proclamar a Sua Palavra, a dar testemunho contra as transgressões e a dirigir a
Sua causa. A menos que o espírito dos profetas esteja repousando sobre nós, o
manto que usamos não passa de um traje tosco e enganoso. Como objetos dignos de
aversão, devíamos ser expulsos da sociedade dos sinceros por ousarmos falar em
nome do Senhor se é que o Espírito de
Deus não repousa sobre nós. Cremos que somos arautos de Jesus Cristo, designados
para continuar o Seu testemunho na terra. Mas, sobre Ele e sobre o Seu
testemunho sempre repousou o Espírito de Deus, e se Este não repousa sobre nós,
é evidente que não somos enviados ao mundo como Cristo foi. No dia de
Pentecoste, o início da grande obra de converter o mundo foi com línguas
flamejantes e com um forte e impetuoso vento, símbolos da presença do Espírito.
Portanto, se pretendemos ter bom êxito sem o Espírito, não estamos seguindo a
norma pentecostal. Se não temos o Espírito que Jesus prometeu, não podemos
cumprir a comissão que Jesus deu. Não seria preciso advertir algum irmão aqui
sobre a ilusão de que podemos ter o Espírito de Deus no sentido de sermos
inspirados. Contudo, os membros de certa seita litigiosa moderna precisam ser
advertidos sobre essa loucura. Defendem a idéia de que as suas reuniões são
realizadas sob “a presidência do Espírito Santo” noção sobre a qual só posso
dizer que fui incapaz de descobrir na Escritura Sagrada tanto a expressão como
a idéia. Encontro, sim, no Novo Testamento, um grupo de coríntios notavelmente
dotados, que gostavam de falar e dados a lutas partidárias verdadeiros representantes daqueles a quem me
referi. Mas, como Paulo disse deles, “Dou graças porque a nenhum de vós
batizei”, também dou graças ao Senhor que poucos daquela escola alguma vez se
acharam em nosso meio. Poderia parecer que as suas assembléias possuem um dom
peculiar de inspiração, não chegando inteiramente à infalibilidade, mas
aproximando-se bem dela. Se vocês se meteram nessas reuniões, pergunto
enfaticamente se foram mais edificados pelas preleções produzidas sob a
presidência celestial, do que pelas preleções de comuns pregadores da Palavra.
Estes se consideram sob a influência do Espírito Santo somente como um espírito
está sob a influência de outro espírito, ou como uma mente sob a influência de
outra. Não somos passivos transmissores de infalibilidade. Somos sinceros
instruidores de coisas que aprendemos, na medida em que as pudemos captar. Como
as nossas mentes são ativas e têm existência pessoal enquanto o Espírito age
sobre elas, transparecem as nossas fraquezas bem como a Sua sabedoria. E
enquanto revelamos aquilo que Ele nos fez saber, somos grandemente humilhados
pelo temor de que a nossa ignorância e os nossos erros se manifestem em certo
grau ao mesmo tempo, porque não nos sujeitamos mais perfeitamente ao poder
divino. Não desconfio que vocês se extraviem na direção a que aludi. Certamente
não é provável que os resultados de experiências anteriores induzam sábios a
essa loucura. Eis nossa primeira pergunta: Onde havemos de buscar o auxílio do
Espírito Santo? Quando tivermos falado sobre este ponto, consideraremos mui
solenemente um segundo: Como podemos perder essa assistência? Oremos no sentido
de que, pela bênção de Deus, a consideração deste ponto nos ajude a retê-la.
Onde havemos de buscar o auxílio do Espírito Santo? Devo responder: por sete ou
oito meios.
1. Primeiro, Ele é
o Espírito de conhecimento.
“Ele vos guiará a
toda a verdade”. Nisto, precisamos do Seu ensino. Temos urgente necessidade de
estudar, pois o mestre de outros precisa instruir-se. Subir ao púlpito
normalmente despreparado é presunção imperdoável. Nada poderá rebaixar-nos mais
efetivamente, e ao nosso ofício. Depois de um discurso que o bispo de Lichfield
fez em visita oficial, discurso sobre a necessidade de zeloso estudo da
Palavra, certo clérigo disse à sua reverendíssima que não podia crer em sua
doutrina, "pois", disse ele, "muitas vezes, quando estou no
gabinete pastoral, pronto para pregar, não sei sobre o que vou falar, mas vou
para o
púlpito, prego, e
não penso em nada disso." O bispo respondeu: "E você está certo em
não pensar nada disso, pois os oficiais da igreja me disseram que partilham da
sua opinião." Se não somos
instruídos, como podemos instruir outros? Se não nos dedicamos a pensar, como
podemos levar outros a pensar? É em nosso labor de estudar, nesse bendito
trabalho em que estamos a sós com o Livro diante de nós, que precisamos da
ajuda do Espírito Santo. Com Ele está a chave do tesouro celeste, e pode
enriquecer-nos além da nossa imaginação.
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