Podes chegar a Ele,
quem quer que sejas; este homem o fez. Aqui há um exemplo de alguém que havia
chegado ao fundo da culpa, e que o reconheceu; não procurou desculpas, nem
buscou um manto para tapar seu pecado; estava nas mãos da justiça, enfrentando
sua sentença de morte, e contudo creu em Jesus, e disse uma humilde oração para
Ele, e ali mesmo foi salvo. Como é a amostra assim é o todo. Jesus salva a
outros do mesmo tipo. Por isso, deixem-me expor de forma muito simples, de
maneira que ninguém me interprete mal, nenhum de vocês está excluído da
infinita misericórdia de Cristo, por maior que seja a iniquidade de vocês: se
crêem em Jesus, Ele os salvará. Este homem não somente era um pecador; era um
pecador que apenas havia despertado. Não creio que antes tivesse pensado
seriamente no Senhor Jesus. De acordo com os outros evangelistas, parece que se
tinha unido com seu companheiro ladrão para zombar de Jesus: se em realidade
não utilizou palavras de opróbrio, no mínimo chegou a consentir com elas, de
maneira que o evangelista não lhe fez injustiça quando disse, “também os
ladrões que estavam crucificados com ele lhe injuriavam da mesma maneira”.
Contudo, repentinamente, se desperta a convicção de que o homem que está
agonizando ao seu lado é algo mais que um homem. Lê o título sobre a sua
cabeça, e acertadamente crê: “Este é Jesus, o rei dos judeus”. Ao crer-lhe
assim, fez sua petição ao Messias, que havia encontrado havia pouco tempo, e se
encomenda em suas mãos. Querido leitor, vês esta verdade, que no momento em que
um homem sabe que Jesus é o Cristo de Deus pode pôr de imediato confiança Nele
e ser salvo? Um certo pregador, cujo evangelho era muito duvidoso, dizia:
“vocês, que viveram no pecado por cinquenta anos, creem que em um instante
podem ser limpos pelo sangue de Jesus?” Respondo: “Sim, certamente cremos que
em um instante, por meio do precioso sangue de Jesus, a alma mais suja pode se
tornar branca. Certamente cremos que em um simples instante podem ser
absolutamente perdoados os pecados de sessenta ou setenta anos, e que a velha
natureza, que ia se tornando cada vez pior, pode receber sua ferida de morte em
um instante, enquanto a vida eterna pode ser implantada de imediato na alma.”
Assim foi com este homem. Havia tocado no fundo, mas em um momento, se
despertou a convicção de que o Messias estava junto a ele, e crendo, o viu e
viveu. Assim que, meus irmãos, se vocês nunca tiveram uma convicção religiosa em
suas vidas, se viveram até agora uma vida totalmente ímpia, ainda assim, se
neste exato momento creem que o amado Filho de Deus veio ao mundo para salvar
aos homens do pecado, e sinceramente reconhecem seus pecados e confiam Nele,
imediatamente serão salvos. Sim, enquanto digo estas palavras, a obra da graça
pode ser consumada pelo Ser glorioso que foi ao céu com poder onipotente para
salvar. Desejo expor este caso de forma muito simples: este homem que foi o
último companheiro de Cristo sobre a terra, era um pecador na miséria. Seus
pecados lhe haviam encurralado: agora tinha a recompensa por suas obras.
Constantemente encontro pessoas nesta condição: viveram uma vida de
libertinagem, excessos e descuidos, e começam a sentir que caem em seus corpos
as chamas de fogo da tempestade da ira; vivem em um inferno terreno, um
prelúdio da condenação eterna. O remorso como uma áspide os picou, convertendo
seu sangue em fogo. Este homem estava neste terrível estado, e mais, estava no
extremo. Já não podia viver muito: a crucificação era inevitavelmente fatal; em
pouco tempo as pernas lhe romperiam para pôr fim a sua existência infeliz. Ele,
pobre alma, não tinha de vida senão um curto espaço do meio-dia ao pôr-do-sol;
mas esse era o tempo suficiente para o Salvador, que é poderoso para salvar.
Alguns têm muito medo que as pessoas adiem o momento de vir a Cristo se
afirmamos isto. Não posso impedir o que os homens de má fé façam com a verdade,
mas eu vou proclamá-la de todas as maneiras. Se estão a uma hora de morrer, creiam
no Senhor Jesus Cristo, e serão salvos. Se não chegarem jamais a seus lares,
porque poderão morrer no caminho, se agora creem no Senhor, serão salvos de
imediato. Olhando para Jesus e confiando nele, Ele lhes dará um coração novo e
um espírito reto, e tirará a mancha dos vossos pecados. Esta é a glória da
graça de Cristo. Como gostaria de enaltecer sua graça com uma linguagem
adequada! A última vez que foi visto na terra antes de morrer foi em companhia
de um criminoso convicto, a quem falou da maneira mais amorosa. Venham, oh culpados,
e Ele os receberá com abundante graça! Mais ainda, este homem a quem Cristo salvou
no último momento era um homem que já não podia realizar boas obras. Se a
salvação fosse pelas boas obras, não poderia ter sido salvo; posto que estava
atado de pés e mãos ao madeiro de seu destino funesto. Tudo havia terminado
para ele quanto a qualquer ato ou obra de justiça. Poderia dizer uma ou duas
boas palavras, mas isso era tudo; não podia executar nada bom; se sua salvação tivesse
dependido de uma vida ativa de serviço, certamente que nunca poderia ter sido
salvo. Como pecador que era, não podia exibir um arrependimento duradouro do
pecado, pois tinha curtíssimo tempo para viver. Não podia ter experimentado uma
amarga convicção de seus atos, que tivesse durado meses e anos, pois seu tempo
estava medido em instantes, e estava à beira da sepultura. Seu fim estava muito
perto, e contudo, o Salvador o pôde salvar, e o salvou tão perfeitamente que
antes do pôr-do-sol, estava no paraíso com Cristo. Este pecador, que não pude
descrever com cores demasiadamente escuras, foi um que creu em Jesus, e
confessou sua fé. Confiou no Senhor. Jesus era um homem, e assim ele lhe
chamou; mas também soube que era o Senhor, e assim lhe chamou e disse: “Senhor,
lembra-te de mim”. Tinha tal confiança em Jesus que se tão somente o Senhor
pensasse nele, se tãosomente o recordasse quando chegasse ao seu reino, isso
seria o que pediria dele. Ah, meus queridos leitores! A inquietude que sinto
por alguns de vocês é que sabem tudo acerca do Senhor, e contudo não confiam
nele. A confiança é o ato salvador. Há alguns anos estavam no ponto de confiar realmente
em Jesus, mas agora seguem tão distantes dele como estavam então. Este homem
não titubeou: se agarrou a essa única esperança. Não guardou em sua mente a
segurança no Senhor como Messias como uma crença seca, morta, senão que a transformou
em confiança e oração, “Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino”.
Oh, que muitos de vocês possam confiar neste dia, na infinita misericórdia do
Senhor! Seriam salvos, estou seguro que
seriam: se vocês, ao confiarem Nele não são salvos, eu mesmo teria que
renunciar a toda esperança. Isto é tudo o que nós temos feito: temos visto, e
temos vivido, e continuamos vivendo porque vemos ao Salvador vivente; oh, que esta
manhã, ao sentir o pecado, vejam a Jesus, confiando nele, e confessando essa
confiança! Reconhecendo que Ele é Senhor para a glória de Deus Pai, vocês devem
e serão salvos. Como consequência de ter esta fé que o salvou, este pobre homem
disse uma oração humilde porém apropriada, “Senhor, lembra-te de mim”. Isto não
parece que seja pedir muito, mas como ele o compreendeu, é tudo o que um
coração ansioso poderia desejar. Ao pensar no reino, tinha uma tão clara idéia
da glória do Salvador, que sentiu que se o Senhor tão somente pensasse nele,
seu estado seria salvo. José na prisão, pediu ao copeiro do rei que se
lembrasse dele quando o rei restaurasse seu posto; porém o copeiro o esqueceu.
Nosso José nunca esquece um pecador que clama a Ele dentro do mais profundo
calabouço; em seu reino recorda os lamentos e queixas dos pobres pecadores
oprimidos pelo sentimento de seu pecado. Não podes orar nesta manhã, e desta maneira
assegurar-te um lugar na memória do Senhor Jesus? Assim intentei descrever ao
homem, e depois de ter feito o melhor que pude, falharei em meu propósito a
menos que os faça ver que qualquer coisa que este ladrão tenha sido, não é senão
uma descrição do que vocês são. Especialmente se foram grandes pecadores, e se
viveram muito tempo sem se preocuparem pelas coisas eternas, são como este
malfeitor; e contudo, vocês, sim, vocês, podem fazer o que o ladrão fez; podem
crer que Jesus é o Cristo e encomendar suas almas em suas mãos, e Ele os
salvará tão seguramente como salvou ao bandido condenado. Jesus com graça abundante
disse: “Ao que vem a mim, de maneira alguma o lançarei fora”. Isto significa
que se vocês vêm e confiam Nele, não importa o que sejam, Ele, por nenhuma
razão, e sob nenhum fundamento, nem circunstância, os lançará fora. Compreendem
esse pensamento? Sentem que lhes pertence, e que, se vão a Ele, encontrarão
vida eterna? Me regozijo se já percebem esta verdade. Há poucas pessoas que
tenham tanto trato com almas abatidas e desesperadas como eu. Pobres rejeitados
me escrevem continuamente. Apenas sei o motivo. Não tenho um dom especial para
consolar, mas com gosto me inclino a reconfortar aos afligidos, e parece que
eles sabem. Que alegria tenho quando vejo a um desalentado que encontrou a paz!
Tive esta alegria várias vezes durante a semana que acaba de terminar. Quanto
desejo que alguns de vocês, que têm o coração destroçado, porque não podem encontrar
perdão, quisessem vir ao meu Senhor, e confiar Nele, e descansar! Ele não
disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu os
aliviarei”? Venham e o ponham à prova, e o descanso será de vocês.
II. Em segundo
lugar,
OBSERVEM QUE ESTE
HOMEM FOI O COMPANHEIRO DE NOSSO SENHOR NA PORTA DO PARAÍSO.
Não vou especular
quanto ao lugar para onde foi nosso Senhor quando abandonou o corpo que estava
pregado na cruz. Por algumas Escrituras parece que desceu ao centro da terra,
para que pudesse cumprir todas as coisas. Mas Ele atravessou rapidamente as
regiões dos mortos.
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http://facebook.com/JOSEGERALDODEALMEIDA
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