O Senhor aceitará a
todos os que se arrependam; mas como sabem vocês que vão se arrepender? É
verdade que um ladrão foi salvo, mas o outro se perdeu. Um é salvo, e portanto
não podemos nos desesperar; o outro está perdido, e portanto não podemos nos
vangloriar. Queridos amigos, confio que vocês não estão feitos de tão diabólica
substância como para tirar da misericórdia de Deus um argumento para continuar
no pecado. Se vocês o fazem, somente lhes posso dizer que a vossa perdição será
justa; a haverão atraído sobre vocês mesmos. Considerem agora o ensino de nosso
Senhor; vejam a glória de Cristo na salvação. Está pronto para salvar no último
momento. Já estava morrendo; seu pé estava no umbral da casa do Pai. Então
chega este pobre pecador, ao final da noite, na undécima hora, e o Salvador
sorri e manifesta que não entrará se não for com este tardio vagabundo. Aí
mesmo na porta declara que esta alma que o busca entrará com Ele. Houve muito
tempo para que Ele tivesse vindo antes: vocês sabem como podemos dizer:
“Esperaste até o último momento. Já me vou, e não posso atender-te agora”.
Nosso Senhor tinha as angústias da morte sobre Ele, e contudo atende ao
criminoso que perece, e lhe permite passar através do portal celestial em Sua companhia.
Jesus salva com muita facilidade aos pecadores pelos quais Ele morreu com tanta
dor. Jesus ama resgatar aos pecadores de sua queda no poço. Estarás muito feliz
se fores salvo, mas não estarás nem na metade de felicidade como Ele estará
quando te salvar. Vejam quão terno Ele é! “Sua mão nos leva ao trono, Nenhum
terror vistes à sua frente; Nem raios para lançar nossas almas culpadas Às
ferozes chamas do inferno”. Se achega a nós cheio de ternura, com lágrimas em
seus olhos, misericórdia em suas mãos, e amor em seu coração. Creiam que é um
grande Salvador de grandes pecadores. Ouvi de alguém que havia recebido grande
misericórdia que dizia: “Ele é um grande perdoador;” e gostaria que vocês
dissessem o mesmo. Vocês verão suas transgressões apagadas, e os vossos pecados
perdoados de uma vez para sempre, se vocês confiam nele. A seguinte doutrina
que Cristo prega desta maravilhosa história é a fé que se apropria da promessa.
Este homem creu que Jesus era o Cristo. O que fez a seguir foi apropriar-se
desse Cristo. O ladrão lhe disse: “Senhor, lembra-te de mim”. Jesus poderia ter
dito: “O que tenho eu que ver contigo, e o que tens tu a ver comigo? O que tem
que ver um ladrão com o Ser perfeito?” Muitos de vocês, boas pessoas, tratam de
afastarem-se tanto quanto possam dos que erram e dos caídos. Poderiam
contaminar sua inocência! A sociedade nos exige que não estejamos em términos
de familiaridade com as pessoas que ofenderam suas leis. Não devemos ser vistos
associados com eles, porque cairíamos no descrédito. Bobagens infames! O que
nos pode desacreditar, pecadores como somos, tanto por natureza como pela
prática? Se nos conhecemos diante de Deus, não estamos suficientemente
degradados em nós mesmos e por causa de nós mesmos? Depois de tudo, há alguém
no mundo que seja pior do que nós quando nos vemos no espelho fiel da Palavra? Tão
pronto como um homem crê que Jesus é o Cristo, que se firme Nele. No momento
que creias que Jesus é o Salvador, agarra-te a Ele como teu Salvador. Se me
lembro bem, Agostinho chamou a este ladrão “Latro Laudabilis et Mirabilis,” um
ladrão para ser louvado e admirado, que se atreveu, por assim dizer, a tomar
para si ao Salvador como seu. Nisto deve ser imitado. Toma ao Senhor para que
seja teu, e o terás. Jesus é propriedade comum de todos os pecadores que se
atrevem a tomá-lo. Todo pecador que tem o desejo de fazê-lo pode levar para sua
casa ao Senhor. Ele veio ao mundo para salvar aos pecadores. Tomem-no pela
força, como os que roubam tomam seu despojo; porque o reino do céu sofre a
violência da fé que se atreve. Agarre-o, e Ele nunca se separará de ti. Se
confias Nele, deve te salvar. Estejam advertidos sobre a doutrina da fé em seu
poder imediato.
“No momento que um
pecador crê, E confia em seu Deus crucificado, Recebe de imediato seu perdão, Redenção
completa por Seu sangue”. “Hoje estarás comigo no paraíso”. Assim que crê,
Cristo sela sua fé com a segurança completa de que estará com Ele para sempre
em sua glória. Oh, queridos corações, se vocês creem, serão salvos! Que Deus lhes conceda, por sua rica graça,
que venha a salvação aqui, neste lugar, e de imediato! O seguinte é, a
proximidade das coisas eternas. Pensem nisto por um minuto. O céu e o inferno
não são lugares distantes. Podem estar no céu antes de outro “tic” do relógio,
está tão perto. Que possamos rasgar esse véu que nos separa do desconhecido!
Tudo está ali, e tudo perto. “Hoje,” disse
o Senhor; no máximo de três ou quatro horas, “estarás comigo no paraíso;” está
tão perto. Um estadista nos deu a expressão de estar “em uma distância
medível”. Todos estamos dentro de uma distância medível do céu e do inferno; se
há alguma dificuldade em medir a distância, descanse em sua brevidade mais que
em sua longitude. “Um suave suspiro rompe as cadeias, Apenas podemos dizer, 'se
foi,' Antes que o espírito redimido, Tome sua mansão próximo ao trono”. Oh, que
nós, no lugar de aceitar com leviandade estas coisas, porque parecem tão
distantes, as tomassemos solenemente em conta, pois estão tão próximas! Este
mesmo dia, antes que se ponha o sol, algum leitor, sentado neste lugar, pode
ver em seu próprio espírito as realidades do céu e do inferno. Tem ocorrido frequentemente
nesta leitura que alguém de nossa audiência tenha morrido antes que chegasse
o dia seguinte; pode ocorrer esta semana.
Pensem nisto, e que as coisas eternas lhes impressionem ainda mais devido a sua
proximidade. Mais ainda, saibam que se creram em Jesus estão preparados para o
céu. Pode ser que tenham que viver na terra por vinte, ou trinta, ou quarenta anos
para glorificar a Cristo; e, se assim é, agradeçam o privilégio; mas se não
vivem uma hora a mais, essa morte instantânea não alteraria o fato de que quem
crê no Filho de Deus está pronto para o céu. Seguramente se algo fosse
necessário além da fé para nos tornarmos dignos do paraíso, o ladrão teria sido
retido um pouco mais de tempo aqui; mas não, ele está na manhã em sua natureza,
ao meio-dia entra no estado de graça, e ao anoitecer está no estado de glória.
A pergunta nunca é, se um arrependimento no leito de morte é aceito se é
sincero. A pergunta é: É sincero? Se assim é, se o homem morre cinco minutos
depois de seu primeiro ato de fé, está tão seguro como se houvesse servido ao
Senhor por cinquenta anos. Se tua fé é verdadeira, se morres um momento depois
que creste em Cristo, serás admitido no paraíso, ainda que não tenha desfrutado
de tempo para produzir boas obras e outras evidências da graça. Ele que lê o
coração lerá tua fé escrita nas tábuas de carne, e te aceitará por meio de Jesus
Cristo, ainda que nenhum ato de graça se tenha feito visível aos olhos dos
homens. Concluo dizendo outra vez que este não é um caso excepcional. Comecei com isso, e com isso quero terminar, por haver
tantos falsos pregadores do evangelho, terrivelmente temerosos de pregar a graça
imerecida com plenitude. Li em algum lugar, e creio que é verdadeiro, que
alguns ministros pregam o evangelho da mesma maneira que os asnos comem espinhos,
ou seja, muito, mas muito cuidadosamente. Pelo contrário, eu pregarei
atrevidamente. Não tenho a menor apreensão acerca deste assunto. Se alguém de
vocês faz mau uso do ensino da graça gratuita, não o posso impedir. Aquele que
será condenado pode arruinar-se por perverter o evangelho como por outra coisa
qualquer. Não posso impedir o que os corações baixos possam inventar; mas o meu
intuito é pregar o evangelho em toda a sua plenitude de graça, e assim o farei.
Se o ladrão foi um caso excepcional, e nosso Senhor não atua usualmente desta
maneira, haveria uma indicação de um fato tão importante. Teria sido posto um
cerco de proteção para esta exceção a todas as regras. Não teria dito o
Salvador tranquilamente ao moribundo: “És o único a quem tratarei desta
maneira”? “Não o menciones, pois senão terei muitos me assediando”. Se o
Salvador quisesse que fosse um caso solitário, lhe teria dito em baixa voz:
“Não deixes que ninguém saiba; mas hoje estarás no reino comigo”. Não, nosso
Senhor falou abertamente, e os que estavam ao redor ouviram o que disse.
Ademais, o inspirado escritor o assentou assim. Se fosse um caso excepcional,
não teria sido escrito na Palavra de Deus. Os homens não publicam suas ações
nos periódicos se sentem que ao registrá-las podem conduzir outros a esperar o
que não podem dar. O Salvador fez que esta maravilha da graça se reportasse nas
notícias diárias do evangelho, porque Ele quer repetir essa maravilha a cada
dia. O todo será igual a amostra, e por isto lhes põe frente à amostra a cada
um de vocês. Ele é capaz de salvar por completo, pois salvou ao ladrão que
agonizava. O caso não teria sido exposto para alentar esperanças que Ele não
poderia cumprir. Todas as coisas escritas então, foram escritas para que
aprendêssemos e não para que nos desalentássemos. Por isso, lhes rogo, se
alguns de vós todavia não estão confirmados no meu Senhor Jesus, venham e
confiem Nele agora. E então cantarão comigo:
“O ladrão
agonizante se regozijou ao ver,
Essa fonte em seu
dia,
E ali eu também,
tão vil como ele,
Lavei todos os meus
pecados.
AMEM.
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DO EDITOR
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