O autor da Epístola aos Hebreus também exorta
seus leitores, que estavam sendo perseguidos por sua fé, a recordar o exemplo
de sofrimento de Cristo. Escreve ele: "Fixemos nossos olhos em Jesus, o
autor e aperfeiçoador de nossa fé, que, em troca da alegria que lhe estava
sendo proposta, suportou a cruz e sua ignomínia e está sentado à direita do
trono de Deus." Depois, acrescenta: "Considerai, pois, aquele que
suportou tanta oposição dos pecadores, para que não vos canseis nem
desanimeis." (Hebreus 12:23) Sim, considere-o. Nos nossos padecimentos e
tribulações, o próprio Jesus deve ser a nossa principal consideração. Devemos
fixar os olhos nEle. Ele, que sofreu por nós, mostra-nos como devemos suportar
nossos sofrimentos. Os homens e mulheres fizeram da cruz, levianamente, uma
jóia, um objeto de adorno, mas, para Deus, ela foi o supremo sacrifício que
teve que fazer por causa da desobediência do homem. Assim como o sofrimento
entrou no mundo por causa da desobediência de um homem (Adão), também o alívio
desse sofrimento veio através da obediência de um Homem (Cristo). Como escreveu
Paulo, em Romanos 5:19: "Assim como pela desobediência de um só homem
foram todos constituídos pecadores, assim também pela obediência de um só todos
serão constituídos justos." O poder do pecado foi rompido pelo sacrifício
de Cristo no Calvário, e completamente derrotado por Sua ressurreição vitoriosa
na manhã de domingo que, hoje, chamamos de Páscoa.
É por isso
que podemos cantar junto com o autor do hino:
Na cruz de
Cristo eu me glorifico!
POR QUE OS CRISTÃOS NÃO ESTÃO
ISENTOS?
A TENDÊNCIA
DOS HOMENS é se perguntar por que a pessoa que ama Deus e tenta viver uma vida
cristã exemplar tem que sofrer física, psicologicamente ou de outra forma
qualquer durante a sua passagem pela terra. Desde o princípio o sofrimento dos
crentes vem confundindo judeus e cristãos. Jó é o exemplo clássico de um crente
sofredor. Houve um motivo extremamente importante para o seu sofrimento. Mas Jó
não sabia disso, enquanto passava por sua provação. Jó nem ao menos tinha o
Livro de Jó para confortá-lo, como nós temos! Daniel foi posto no covil do
leão; Sadraque, Mesaque e Abede-Nego foram amarrados e lançados numa fornalha;
José foi aprisionado; Moisés teve que fugir do Egito e viver longe de tudo o
que conhecia há quarenta anos. O motivo para todas essas coisas não era
conhecido na época. Tinha que ser visto em retrospecto. Nenhum de nós saberá o
motivo total do sofrimento dos fiéis antes de chegarmos ao céu. Se os crentes
que nos antecederam não foram isentos, por que nós o seríamos?
Porta-Vozes
de Deus
O apóstolo
Pedro escreveu muito sobre os cristãos sofredores. Sabia, assim como a maioria
dos primeiros seguidores de Jesus, o que era sofrer por uma fé. A tradição nos
conta que ele morreu pendurado de cabeça para baixo numa cruz romana, porque
não se achava digno de morrer da mesma forma que seu mestre. Pedro sofreu de
muitas outras formas, tanto físicas quanto mentais, durante o seu percurso com
o Senhor, mas em todos os seus escritos o valor positivo do sofrimento é
enfatizado. Ao desenvolver este assunto, faz eco às palavras do Salvador
registradas no Evangelho, e dos outros discípulos. Como deve ter sofrido Maria,
a mais abençoada das mulheres, e mãe de Jesus? Imagine os insultos dos amigos
que achavam que ela era imoral. Ou, anos depois, os seus padecimentos durante a
humilhação de Jesus, culminando na cruz. Junto ao pé da cruz, viu o Filho
morrer de uma das maneiras mais dolorosas e vergonhosas que o homem jamais
inventou. Aos olhos do povo ao seu redor, Ele era um criminoso comum. Ouviu as
vaias. Viu o soldado enfiar a lança em Seu flanco. No entanto, ela acreditou em
Deus. Não podia esquecer a visita do anjo que lhe dissera: "Salve!
altamente favorecida, o Senhor é contigo... Não temas, Maria; pois achaste
graça diante de Deus. Conceberás no teu ventre, e darás à luz um filho, a quem
chamarás Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; o Senhor
Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará eternamente sobre a casa
de Jacó, e o seu reino não terá fim." (Lucas 1:28-33) Ao testemunhar a
tragédia aparente da crucificação, Maria deve ter-se perguntado: "Será que
me enganei? Tive uma falsa visão? É verdade que Ele é o Rei que reinará para
sempre?" Sendo humana, ela deve ter questionado o passado à luz do
sofrimento incrível do presente por parte de quem tanto amava. Na época, ela
era incapaz de perceber inteiramente que esta era a realização da profecia.
Para que a raça humana tivesse alguma possibilidade de reconciliação com Deus,
o Filho dela tinha que morrer exatamente daquela forma. como haviam previsto os
profetas.
Os Cristãos Sofrem Porque
São Humanos
Podemos
enxergar, aqui e ali, na Santa Escritura, o porquê dos fiéis não estarem
isentos do sofrimento. Vemos também alguns motivos bem definidos. Primeiro, os
cristãos sofrem porque são humanos. O fato de sermos cristãos não quer dizer
que estejamos isentos de doenças, padecimentos, desastres naturais, tragédias, e,
por fim, da morte. Naturalmente, ouvimos falar de cristãos que foram
milagrosamente salvos ou curados. Da mesma forma, ouvimos falar de outros que
passam pelo fogo dos padecimentos, como, por exemplo, o "espinho na
carne" de Paulo. Porém, nem tudo é mistério. Ouvimos o Senhor dizer a
Paulo: "Existe um motivo para este espinho na carne. É para não seres
exaltado além da conta. Mas verás que Minha graça é suficiente para permitir
que tu o suportes." Alguns anos atrás, realizei um serviço fúnebre em
memória daqueles que tinham morrido de um desastre. Cristãos morreram e foram
feridos, do mesmo modo que os não
cristãos. Dessa forma, os cristãos não estão isentos de desastres problemas e
doenças. Tais coisas são imanentes à humanidade e estamos envolvidos nelas
porque partilhamos da experiência humana, assim como Cristo o fez.
Muitas Vezes os Cristãos Sofrem
Porque Merecem
Segundo, os
cristãos não estão isentos do sofrimento quando pecam e desobedecem a Deus. Se
um cristão conta uma mentira, perde a paciência ou comete algum tipo de pecado,
ele sofrerá o castigo ou "juízo" de Deus (ver I Cor. 11:28-32 e Pedro
4:17-19). Assim como uma criança necessita ser corrigida, os filhos de Deus
precisam ser corrigidos. A Santa Escritura diz: "Filho meu, não
menosprezes a correção do Senhor, nem te desanimes, quando por ele és
repreendido; pois o Senhor castiga ao que ama, e açoita a todo filho que
recebe. É para a disciplina que sofreis (Deus vos trata como a filhos); pois
qual o filho a quem não corrige seu pai? (...) Toda correção ao presente, na
verdade, não parece ser de gozo, mas de tristeza; depois, porém, dá fruto
pacífico de justiça aos que por ela têm sido exercitados." (Hebreus
12:5-11) Se, através do descuido e da indiferença, nós ignoramos as leis do
trânsito, merecemos ser presos e punidos como qualquer um. Se não formos
amorosos e fiéis na nossa vida cristã, pagaremos por isso com uma consciência
culpada ou castigo de Deus. Um cristão tem responsabilidades tremendas para com
a sua família. Ele ou ela tem responsabilidades de amar a cada membro da
família. Maridos e mulheres devem amar-se e submeter-se um ao outro. Devemos
treinar nossos filhos no caminho que devem seguir. Se negligenciarmos tais
responsabilidades, sofreremos as conseqüências talvez não imediatamente, porém
mais tarde. Conheço um líder cristão. Há anos que trata mal a mulher, o que
terminou fazendo com que ela chegasse a um estado de esgotamento físico e
mental completo. Agora está enamorado de sua secretária. Quer continuar sendo um
líder cristão na comunidade, mas dois proveitos não cabem num saco só. Está
travando uma batalha terrível dentro da própria alma. O sorriso deixou-lhe o
rosto, a alegria deixou-lhe o coração. A sua situação agora é tão evidente que
outros cristãos, conhecendo as circunstâncias, não apenas estão orando por ele,
mas, infelizmente, também estão
revelando o seu pecado. O sofrimento dele é quase insuportável tudo por causa
do seu pecado mas, até agora, ainda não se arrependeu.
Não Existe Abrigo Contra a Precipitação
Radioativa
Não existe
um "abrigo contra a precipitação radioativa" cristão. Os cristãos não
estão isentos do sofrimento porque, se estivessem, os não-cristãos viriam
correndo para a porta da igreja como se ela fosse um abrigo contra a
precipitação radioativa. Infelizmente, nos últimos anos, vimos pessoas que
abraçaram o cristianismo, especialmente nos Estados Unidos, e no Brasil porque
parecia ser a única coisa inteligente a fazer. A popularidade do cristianismo
cresceu nos Estados Unidos e no Brasil e em outros países, nos últimos anos.
Muitos não-cristãos acham que, por motivos comerciais ou políticos, deviam
pertencer à igreja e fazer uma profissão de fé que não está de acordo com a
vida que levam. Conseqüentemente, a igreja na América está profundamente
infiltrada pelo "mundo", e, dessa forma, está começando a
assemelhar-se ao mundo em muitas de suas atividades. Assim como na época de
Cristo, existem hipócritas na igreja até mesmo no púlpito ou lecionando em
escolas e seminários protestantes. Jesus disse: "Ai de vós (...)
hipócritas! porque fechais a porta do reino dos céus; pois nem vós entrais, nem
deixais entrar os que estão entrando." (Mateus 23:13) Muitos cristãos que
professam Cristo não vivem como se O possuíssem. Todavia, como podemos estar
próximos dos acontecimentos que levam aos "últimos dias", o
verdadeiro e o falso começarão a se separar. Quando o sofrimento e a
perseguição caírem sobre nós, haverá uma diferença. Sem dúvida, quando todos estivermos frente ao trono de julgamento de
Cristo, os nossos verdadeiros motivos serão revelados.
TEM
CONTINUAÇÃO.
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