quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O Espírito Santo No Ministério...P/03...31/10/2013



3. Terceiro, precisamos do Espírito doutra maneira, a saber, como a brasa viva tirada do altar, tocando os nossos lábios. Assim, quando temos conhecimento e sabedoria para escolher a porção certa da verdade, podemos desfrutar liberdade de expressão quando vamos entregá-la. "Eis que ela tocou os teus lábios." Quão gloriosamente fala o homem quando os seus lábios estão empolados pela brasa viva do altar sentindo o poder de fogo da verdade, não apenas no recôndito da alma, mas nos próprios lábios com os quais está falando!  Reparem nessas ocasiões como estremece a sua fala. Não notaram, na reunião de oração, em dois dos irmãos que elevaram súplicas, como era trêmulo o tom da sua voz, e como tremiam as estruturas dos seus corpos? Porque não somente os seus corações foram tocados, como espero tenham sido todos os outros corações, mas os seus lábios foram tocados, e esse tocar fluiu em seu falar. Irmãos, precisamos do Espírito de Deus para abrir as nossas bocas, para podermos proclamar os louvores do Senhor, ou então não falaremos com poder. Necessitamos da influência divina para impedir que digamos muitas coisas que, caso saíssem de fato das nossas línguas, estragariam a nossa mensagem. Aqueles dentre nós que têm o perigoso talento para o humorismo, às vezes precisam parar, pegar a palavra ao sair da boca, olhar bem para ela, e ver se presta bem para a edificação. E aqueles cujo viver anterior os conduziu entre os grosseiros e rudes, precisam vigiar com olhos de lince a falta de delicadeza. Longe de nós, irmãos, dizer uma sílaba que sugira um pensamento impuro ou que desperte uma lembrança duvidosa. Precisamos do Espírito de Deus para pôr freio e cabresto em nós para impedir que falemos coisas que levem a mente dos ouvintes para longe de Cristo e das realidades eternas, fazendo-os pensar em coisas vis da terra. Irmãos, também precisamos do Espírito Santo para nos impulsionar, em nossa tarefa de comunicar a Palavra. Não duvido que vocês estejam todos conscientes dos diferentes estados mentais que ocorrem na pregação. Alguns desses estados decorrem das diferentes condições físicas. Um resfriado não só tira a clareza da voz, mas também congela o fluxo dos pensamentos. Da minha parte, se eu não posso falar com clareza, também fico incapaz de pensar com clareza, e o conteúdo a transmitir fica rouco também, como a voz. Igualmente o estômago e todos os órgãos do corpo afetara a mente. Mas não me refiro a essas coisas. Terão vocês consciência das alterações completamente independentes do corpo? Quando estão robustos, não se sentem um dia pesados como os carros de Faraó com as rodas retiradas, e noutra ocasião com tanta liberdade como "uma corça deixada solta"? Hoje o ramo brilha com o orvalho, ontem foi crestado pela seca. Quem não sabe que o Espírito de Deus está nisso tudo? Às vezes o Espírito divino age em nós de molde a livrar-nos completamente de nós mesmos. Em tais ocasiões, do começo ao fim do sermão podíamos dizer: "Se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe". Tudo foi esquecido, menos certo absorvente assunto em mãos. Se me fosse proibido entrar no Céu, mas me fosse dado escolher a condição em que passarei a eternidade, escolheria aquela em que às vezes me sinto quando prego o evangelho. Nesse estado presencio o Céu: a mente cerrada para todas as influências perturbadoras, adorando o majestoso Deus, com plena consciência de Sua presença, todas as faculdades elevadas e jubilosamente cheias de vigor no máximo de sua capacidade, todos os pensamentos e poderes da alma alegremente ocupados em contemplar a glória do Senhor e exaltando com as multidões atentas o Bem-amado da nossa alma; e durante todo esse intervalo, a mais pura benevolência concebível para com as demais criaturas a incentivar o coração a pleitear com elas em prol do nome de Deus  que estado mental pode rivalizar-se com este? Pena é que alcançamos este ideal, porém, sem o podermos manter sempre, pois também sabemos o que é pregar em cadeias ou dar murros no ar. Não podemos atribuir santas e felizes mudanças ocorridas em nosso ministério a nada menos que a ação do Espírito Santo em nossas almas. Estou certo de que o Espírito Santo realiza esta obra. Vezes sem conta, quando me assaltam dúvidas sugeridas pelo infiel, posso arremessá-las aos ares com total desdém, porque tenho definida consciência de um poder que opera em mim quando fato em nome do Senhor, poder que transcende infinitamente a qualquer capacidade ou eloqüência pessoal, e que sobrepuja em muito qualquer energia derivada do entusiasmo que sinto quando faço uma preleção secular ou um discurso. Aquele poder é tão diferente deste, que tenho toda a certeza de que não é da mesma ordem ou classe do entusiasmo dos políticos ou do ardor da oratória pura e simples. Oxalá experimentemos com muita freqüência a energia divina, e falemos com poder.
                
4. Mas então, em quarto lugar, o Espírito de Deus age também como óleo que unge, e isto se relaciona com todo o trabalho da pregação  não simplesmente com a alocução oral, mas com toda a transmissão do discurso. Ele pode fazêlos sensíveis ao assunto, até ao ponto de ficarem dominados por ele, quer achatados na terra, quer elevados às alturas como em asas de águias. Acresce que, além do assunto, Ele os faz sensíveis ao seu objeto, até anelarem pela conversão dos homens e pelo despertamento dos cristãos, para que se elevem a algo mais nobre do que tudo que já conhecem. Ao mesmo tempo, outro sentimento estará com vocês, a saber, um intenso desejo de que Deus seja glorificado mediante a verdade que estão proclamando. Vocês ficam conscientes de um profundo e compassivo interesse pelas pessoas a que estão falando, lamentando que alguns saibam pouco, e que outros saibam muito e, contudo, o recusam. Vocês fitam alguns semblantes e, em silêncio, o seu coração lhes diz:  "Ali cai orvalho", e, voltando-se para outros, com tristeza percebem que são como as partes áridas da montanha de Gilboa. Tudo isto se dá durante o sermão. Não podemos contar quantos pensamentos passam pela mente de uma vez. Uma vez contei oito grupos de pensamentos que ocupavam o meu cerébro simultaneamente, ou ao menos dentro do espaço do mesmo segundo. Estava pregando o evangelho com todas as minhas forças, mas não pude deixar de sensibilizar-me por uma senhora que estava evidentemente prestes a desmaiar, e também fiquei procurando o irmão encarregado das janelas, para que nos desse mais ar. Estava pensando na ilustração que omitira na primeira divisão, procurando dar forma à segunda divisão, perguntando-me se este sentira o peso da minha reputação, se aquele se fortalecera com a observação consoladora, e ao mesmo tempo estava louvando a Deus por desfrutar eu pessoalmente da verdade que estava proclamando. Alguns intérpretes consideram os querubins de quatro rostos como emblemas dos ministros. Eu certamente não vejo dificuldade na forma quádrupla, pois o Espírito Santo pode multiplicar os nossos estados mentais, e fazer de nós homens muito superiores além do que somos por natureza. O quanto pode Ele fazer de nós, e quão grandiosamente pode elevar-nos, não ouso conjeturar. Certamente Ele pode fazer muitíssimo acima do que pedimos ou pensamos. Especialmente faz parte da obra do Espírito Santo manter em nós uma disposição devocional enquanto estamos entregando a mensagem. Esta é uma condição que se deve ambicionar grandemente  continuar a orar enquanto estamos ocupados com a prédica; cumprir os mandamentos do Senhor, dando ouvidos à voz da Sua Palavra; manter os olhos postos no trono, e as asas em constante movimento. Espero que saibamos o que isto significa. Estou certo de que sabemos o seu oposto, ou de que logo o experimentaremos, isto é, o mal de pregar sem espírito de devoção. Que pode ser pior do que falar sob a influência de um espírito arrogante ou irritado? Que é mais debilitante do que pregar num espírito incrédulo? Por outro lado, que bênção arder fervorosamente enquanto brilhamos diante dos olhos de outros! Esta é a obra do Espírito de Deus. Adorável Consolador, opera em nós! Em nossos púlpitos precisamos unir o espírito de dependência com o de devoção, de modo que, durante a pregação toda, desde a primeira palavra até a última sílaba, olhemos ao alto para o Forte em busca de força. E bom lembrar que, embora tivessem chegado até o presente ponto, se o Espírito Santo os deixasse, fariam papel de tolos antes de acabar o sermão. Elevando os olhos para os montes de onde vem o socorro durante o sermão inteiro, com absoluta dependência de Deus, vocês pregarão com espírito de bravia confiança o tempo todo. Talvez eu esteja errado ao dizer "bravia", pois não é coisa bravia confiar em Deus; para os verdadeiros crentes é simples questão de doce necessidade  como podem deixar de confiar nEle? Por que haveriam de duvidar do seu Amigo sempre fiel? Outro dia de manhã, Escrevendo sobre o texto, "A minha graça te basta", disse aos irmãos que pela primeira vez em minha vida tinha experimentado o que Abraão sentiu quando se inclinou sobre o seu rosto e riu. Voltava para casa depois de uma semana de trabalho intenso, quando veio à minha mente o texto: "A minha graça te basta." Veio, porém, com a ênfase posta em duas palavras: "A Minha graça te basta." Minha alma disse: "Sem dúvida é assim. Seguramente, a graça do Deus infinito é mais que suficiente para um simples inseto como eu." E ri, e tornei a rir, ao pensar em quanto o suprimento excedia a todas as minhas necessidades. Parecia que eu era um pequeno peixe no mar, e na minha sede dizia: "Viva, vou beber o oceano inteiro." Então o Pai das águas ergueu sublime a cabeça e disse a sorrir: "Pequenino peixe, a ilimitada vastidão marina te basta." Este pensamento fez com que a descrença parecesse supinamente ridícula, como de fato é.  Irmãos, devemos pregar cientes de que Deus pretende abençoar a Palavra proclamada, pois temos Sua promessa neste sentido. E ao termos pregado, devemos procurar as pessoas atingidas pela bênção. Dirão vocês: "Fico dominado pelo espanto ao ver que Deus converte almas por meio do meu pobre ministério"? Falsa humildade! O seu ministério é pobre de verdade. Toda gente sabe disso, e vocês devem sabê-lo mais que ninguém. Mas, ao mesmo tempo, é coisa para espantar que, o Deus que disse: "A minha palavra não voltará para mim vazia",  cumpra o que prometeu? A refeição irá perder o seu valor nutritivo porque o prato é barato? A graça divina haverá de ser sobrepujada por nossa fraqueza?  Não. Mas temos este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não nossa. Precisamos ainda do Espírito Santo durante o sermão todo para manter os nossos corações e mentes em condição apropriada. Sim, porque, se não tivermos o espírito certo perderemos a entonação que persuade e prevalece, e o povo descobrirá que a força de Sansão o deixou. Uns pregam como quem está ralhando, e assim põem à mostra o seu mau gênio. Outros se pregam a si próprios, e assim revelam o seu orgulho. Alguns discursam como se estivessem condescendendo em ocupar o púlpito, enquanto outros pregam como se estivessem pedindo desculpa por existirem. Para evitar erros nas maneiras e no tom da prédica, precisamos ser guiados pelo Espírito Santo, posto que só Ele nos ensina com proveito

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